Ah! Eu só era mais um impensante ser
perdido num mundo completamente desconfigurado. Que coisa, pensar que tudo o
que existe pudesse ser algo repleto de sonhos que simplesmente não eram mais.
Não era o meu desejo de “para sempre”, mas quando olhei pela primeira vez
aqueles olhos verdes, eles me conquistaram como nada nunca conquistou em todos
os meus dezesseis anos, nove meses e vinte e seis dias de vida que tinham
pesadamente se passado até aquele momento. Mas eu não queria ter esperanças, eu
não queria desejar a pessoa que possuía aquela força e capacidade mais profunda
de penetrar o mais escondido de toda a minha alma, e me libertar de todos os
problemas que pudessem existir daquele lugar em que estávamos, juntos, para
fora. O toque daquela mão, que parecia que precisamente tinha sido feita para
se encaixar perfeitamente nas entranhas dos cinco dedos que comupnham a minha
mão, me despertou de um sono de um sentimento verdadeiro que tinha sido
enterrado e não estava disposto a sair do mais profundo da Terra. E começou a
sair. Foi saindo cada vez mais e mais, e quando percebi eu necessitava
calorosamente de olhar para aqueles olhos verdes e penetrantes de alma cada vez
mais, de modo que se tornava um vício como uma das piores substâncias que se
conheça na humanidade. Mas me fazia bem no momento, me fazia bem depois, não
era como aquilo que te faz arrepender depois de estar junto, e então não era
como essas substâncias que nos matam aos poucos. Ele me fez viver! E eu já não
conseguia mais que ele me fizesse viver se eu não o visse inteiramente vivo.
Pra falar a verdade, decidi procurar nome em todas as palavras e línguas
possíveis para descrever o que era aquele impulso que vinha dentro de mim, e
que insistia em ter aquela pessoa, que de fato eu não sabia se tinha desejado
ou não, e insistia todo o tempo. E encontrei a palavra mais óbvia que poderia
existir: amor. Sim, já tinha passado daquele ponto em que nos dizemos
apaixonados porque a paixão é nada mais do que o desejo retocado pela vontade
de estar junto. A vontade não era mais apenas de estar junto, era a vontade de
vê-lo bem mesmo que eu estivesse mergulhado no mais impossível e fundo de todos
os poços possíveis na face da terra, pois apenas seu sorriso me faria bem, me
aliviaria. Isso é querer o bem, isso é amar, isso é superar as expectativas de
não querer apenas estar junto, de não querer apenas possuir o corpo dono dos
olhos que me conquistaram logo naquele primeiro momento. É querer simplesmente
ver que está bem simplesmente por estar, é de ver que tudo que é bom para ele
está sendo realizado, é querer simplesmente poder olhar nos olhos e não se
preocupar em desperdiçar o tempo que for preciso para causar o seu bem-estar, é
querer se sentir bem cada momento em que está lá, e não só estando, mas quando
poder contar, e eu sei que posso contar com ele. É, acho que ser impensante
perdido num mundo desconfigurado vale a pena, quando encontramos aquele que nos
faz bem, o mundo pode ser esse complexo desconfigurado, mas quem configurou o
que há por dentro de mim já apareceu. E é meu desejo de “para sempre”. Na
verdade não, se puder ser mais que isso, pra mim está ótimo.
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