quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Curtura i Árti: Uai

   Tenho recebido muitas indagações de pessoas de outros estados e regiões sobre o significado da expressão de três vogais que é quase instantânea por aqui, em terras goianas: "uai". Bom, se você é de fora do círculo regional entre os estados de Goiás e Minas Gerais já deve ter percebido a frequência que nós utilizamos a palavra "Uai". Então, é quase involuntário, assim como em muitos outros estados e regiões existem inúmeras outras palavrinhas que também definem uma falta de definição para ela.
   O que seria definir uma falta de definição? Bom, o "uai" pode vir antes de qualquer frase com o intuito de significar uma interjeição no sentido de "estou pensando", ou então, um "então", ou até mesmo uma interjeição como se fosse um "Nossa!" ou no final das frases pode representar uma redundância. Por exemplo, você chega até sua mãe e diz: "Mãe, posso sair?" e ela responde: "Uai, pode". Outro exemplo: "Meu cachorro morreu", "Uai, mas ele estava tão bom". 
   Muitas teorias podem dizer sobre a origem dessa expressão vocálica. Alguns dizem que é uma adaptação do "why" do inglês, feitas por mineiroas ingleses em Minas Gerais no tempo da mineração, ou então foi simplesmente uma expressão que foi "pegando" entre as pessoas. Nunca se saberá qual é a verdade verdadeira...
   Não tem muita explicação além dessa, e a esperteza lhe condiz, pode comparar a muitas expressões utilizadas em outros estados, como por exemplo o "tchê" dos gaúchos. No final de tudo, só posso dizer o seguinte: "Uai... Uai é uai, uai..."


terça-feira, 25 de setembro de 2012

domingo, 23 de setembro de 2012

Das buscas da mente

    Eu tenho me confrontado ultimamente como se eu fosse outra pessoa, para ver se no profundo de meus pensamentos eu possa entender o que se passa nessa cabeça. Mas não encontrei resultado convincente. O medo me leva ao passado. A coragem não deixa o futuro chegar porque o presente manda e quando ele chegar, vai ser o presente. Então não vou conseguir encontrar o que se passa nessa cabeça,seja eu, seja outro, seja apenas um fantasma de um medo do tempo que anda debruçado sobre minhas costas ainda jovens numa vida que só está a começar, ainda.
E aí eu chego a conclusão de que a vida é um túnel...


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Perdido e Desconfigurado


Ah! Eu só era mais um impensante ser perdido num mundo completamente desconfigurado. Que coisa, pensar que tudo o que existe pudesse ser algo repleto de sonhos que simplesmente não eram mais. Não era o meu desejo de “para sempre”, mas quando olhei pela primeira vez aqueles olhos verdes, eles me conquistaram como nada nunca conquistou em todos os meus dezesseis anos, nove meses e vinte e seis dias de vida que tinham pesadamente se passado até aquele momento. Mas eu não queria ter esperanças, eu não queria desejar a pessoa que possuía aquela força e capacidade mais profunda de penetrar o mais escondido de toda a minha alma, e me libertar de todos os problemas que pudessem existir daquele lugar em que estávamos, juntos, para fora. O toque daquela mão, que parecia que precisamente tinha sido feita para se encaixar perfeitamente nas entranhas dos cinco dedos que comupnham a minha mão, me despertou de um sono de um sentimento verdadeiro que tinha sido enterrado e não estava disposto a sair do mais profundo da Terra. E começou a sair. Foi saindo cada vez mais e mais, e quando percebi eu necessitava calorosamente de olhar para aqueles olhos verdes e penetrantes de alma cada vez mais, de modo que se tornava um vício como uma das piores substâncias que se conheça na humanidade. Mas me fazia bem no momento, me fazia bem depois, não era como aquilo que te faz arrepender depois de estar junto, e então não era como essas substâncias que nos matam aos poucos. Ele me fez viver! E eu já não conseguia mais que ele me fizesse viver se eu não o visse inteiramente vivo. Pra falar a verdade, decidi procurar nome em todas as palavras e línguas possíveis para descrever o que era aquele impulso que vinha dentro de mim, e que insistia em ter aquela pessoa, que de fato eu não sabia se tinha desejado ou não, e insistia todo o tempo. E encontrei a palavra mais óbvia que poderia existir: amor. Sim, já tinha passado daquele ponto em que nos dizemos apaixonados porque a paixão é nada mais do que o desejo retocado pela vontade de estar junto. A vontade não era mais apenas de estar junto, era a vontade de vê-lo bem mesmo que eu estivesse mergulhado no mais impossível e fundo de todos os poços possíveis na face da terra, pois apenas seu sorriso me faria bem, me aliviaria. Isso é querer o bem, isso é amar, isso é superar as expectativas de não querer apenas estar junto, de não querer apenas possuir o corpo dono dos olhos que me conquistaram logo naquele primeiro momento. É querer simplesmente ver que está bem simplesmente por estar, é de ver que tudo que é bom para ele está sendo realizado, é querer simplesmente poder olhar nos olhos e não se preocupar em desperdiçar o tempo que for preciso para causar o seu bem-estar, é querer se sentir bem cada momento em que está lá, e não só estando, mas quando poder contar, e eu sei que posso contar com ele. É, acho que ser impensante perdido num mundo desconfigurado vale a pena, quando encontramos aquele que nos faz bem, o mundo pode ser esse complexo desconfigurado, mas quem configurou o que há por dentro de mim já apareceu. E é meu desejo de “para sempre”. Na verdade não, se puder ser mais que isso, pra mim está ótimo.

:)

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Filosofando: Rebeldia dialogada



- O que a gente quer que sai?
- Fica.
- E o que a gente quer que fica? 
- Sai.
- Por que isso acontece?
- Porque aquela coisa que fica no lado esquerdo da gente sempre manda naquela coisa que fica em cima, e ela que deveria mandar.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Aquilo que chamavam de nunca


   
   Aquele olhar era assustador até mesmo para si quando via a própria imagem no espelho. Mas sabia conquistar. Como se não bastasse aquela beleza que fazia o encanto de pessoas que observavam seu jeito de ser juntamente com os marcados e ritmados passos daquilo que se chamava dança. A mão bem colocada, o olhar desconcertante, o rosto sem deformações e um corpo que parecia genuinamente construído de forma detalhada por algum ser divino cuja existência é questionável.
   E dançava, seus passos não podiam ser controlados pelo ritmo dos ponteiros daquilo que chamavam de relógio. Muito pelo contrário, sabia entender que o que ritmava sua vida não precisava seguir sequer um ritmo repetitivamente cansativo. Ficou sabendo que passavam a chamar aquilo de música, e com ela decidiu colocar em prova seu último passo de dança olhando para o espelho, quando aquele que chamavam de diagnóstico anunciou que aquilo que chamavam de morte estava para atingir sua pessoa.
   Mas preferiu acreditar que era mentira, queriam ofuscar sua capacidade simples de ser feliz com aquilo que chamavam de inveja. Seus olhos sorriram para seu reflexo no espelho, que também sorriu num gesto só não instantâneo porque trezentos mil quilômetros por segundo de velocidade impediram que fosse ao mesmo tempo. E isso não fazia e nunca fez a menor diferença. Se mexeu, confiou que a vida o salvaria daquela catástrofe que seria o ato de ser levado daqui para aquilo que chamavam de julgamento por um ser divino cuja existência é questionável.
   Em frente ao espelho, sua casa, sua vida, caiu entremeado às roupas espalhadas que ficavam por cima daquilo que chamavam de cama, num canto esquerdo de seu quarto. A janela, a porta e toda a casa permaneciam abertas. Eis que pessoas, portadoras daquilo que chamavam de curiosidade. Ficaram na porta, esperando que o ato de estar vivo, que chamavam de respiração, se desse por encerrado da mesma forma que um artista de modo genuíno se despedia no final de sua apresentação. Noite escura, noite fria, noite amedrontante.
   E as primeiras luzes clarearam o dia. O pequeno e antigo despertador começou a tocar suas sinetas freneticamente, despertando-o do sono forçado depois de horas fazendo o que que mais gostava: ter sempre os marcados e ritmados passos daquilo que se chamava dança.
   

   

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Minitexto #12

Se sua vida não é bela, posso lhe dizer
O que vou dar pra ela, e ser melhor para você
Sem brilho, está tão fosca, sem tudo o que tem
Se tem mancha, não ligue, é mancha tosca, pois o amor que vai é o amor que vem

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O mais enorme de todos os crimes

   Vinha caminhando pela rua antiga, os passos não estavam mais em sincronia e a rua estava toda destruída, com o mato nascendo pelas entranhas de suas rachaduras. Cabisbaixo, seus olhos baixos e a lágrima que saía tímida de um deles denunciava que as coisas não iam bem naquele lado do mundo. Não almejava olhar para frente, não desejava apreciar a paisagem de grama, capim, e nada mais, que simplesmente enfeitavam e embelezavam tudo o que se pudesse chamar de natureza naquele lado do mundo. Andava devagar. Velocidade seria burrice, voltou rapidamente à infância, quando as professorinhas na escola diziam que é devagar que se vai longe.
   Mas ele não queria ir perto, não queria ir longe. Estava arrependido, estava mal. Nunca tinha se sentido tão daquela maneira quando se viu solto de tudo e todos que mais amava da forma mais cruel possível. E a culpa era dele mesmo. Como poderia ter sido tão tolo? Não sabia. Olhava apenas para o chão próximo aos seus pés que já andavam desconexos por causa da falta de preocupação com nada a não ser a culpa maior que sentia em estar daquele jeito: vivo. 
   E seus passos ficavam mais lentos, a visão se enturveceu. Nesse momentos vieram todos os momentos que ele deveria ter abraçado, e todos os momentos que com certeza deveria ter deixado trancados num mundo que não era daquele lado do mundo onde ele estava agora, sofrendo, com seu corpo mergulhado numa angústia completamente desconhecida, enquanto a dor daquilo que não mais conhecia o afligia durante o que os físicos chamam de lei da gravidade: a queda.
   Ele ainda estava tentando entender, mas não dava mais tempo. Sim, ele se fechou, ele cometeu o mais enorme de todos os crimes. E agora não podia voltar mais.